Dia Internacional da Mulher: visão histórica de suas lutas e conquistas – Por Dra. Cristiane Lopes*
O dia 8 de Março sempre foi regado por homenagens, que, em sua maioria, são vazias e estereotipadas associando as mulheres ao conceito de sexo frágil. A mulher lutou incessantemente por direitos e contra uma sociedade machista, preconceituosa e tradicionalista que insistia em não respeitá-los e que, infelizmente, ainda hoje propagam atrocidades acerca da minimização da importância da mulher na sociedade.
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As comemorações relacionadas ao Dia Internacional da Mulher são sempre efusivas e acompanhadas de frases poéticas que enaltecem o papel da mulher na família e na sociedade. Atualmente, as mulheres desempenham funções cruciais, obtiveram seus direitos, são reconhecidas por seus feitos e mesmo assim ainda sofrem em decorrência do machismo, preconceito e do tradicionalismo que, infelizmente, grande parte da sociedade agrega.
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A mulher é tratada com desdém desde o princípio de formação da sociedade, onde seu papel sempre esteve restrito aos serviços domésticos e como serventia de propriedade para a figura masculina (pai, irmão e principalmente o marido). Somente a partir do século XIX que as mulheres passaram a enfrentar a sociedade tradicionalista e lutar por seus direitos, entretanto esses movimentos eram levantados por uma minoria sem apoio e sufocados com extrema violência.
Com a chegada do século XX e suas transformações socioeconômicas, o número de mulheres trabalhando nas indústrias aumentou consideravelmente, porém elas recebiam uma remuneração bem aquém do que era recebido pelos homens. Ainda nesse contexto e com o crescimento do socialismo, as mulheres começaram a se organizar por meio de sindicatos e grupos, especialmente nos EUA, no Reino Unido e outros países europeus, para lutar pelos seus direitos. Eis, historicamente, os primeiros movimentos feministas organizados.
Essencialmente, as primeiras manifestações foram acerca de causas trabalhistas, por conseguinte, nos parlamentos ingleses, as sufragistas ganharam destaque ao clamarem pelo direito do voto feminino, que foi aprovado em 1918. No Brasil, a mulher só obteve direito ao voto em 1932, no governo de Getúlio Vargas. As comemorações relacionadas ao dia da mulher aconteciam em datas diferentes em cada país, somente em 1921 a data 8 de março foi oficializada como Dia Internacional da Mulher.
Optar pela escolha do mês de março para comemorar essa data decorreu de vários fatos e tragédias que marcaram a luta das mulheres pelos seus direitos e que ocorreram justamente nesse mês, como, por exemplo: um incêndio criminoso para sufocar as manifestações de mulheres que trabalhavam em condições precárias em uma fábrica de roupas em Nova York (25 de março de 1911) e matou entre 130-146 trabalhadoras.
Outro exemplo impressionante de mobilização aconteceu no dia 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, na época era adotado pela Rússia), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II. Essa manifestação não se restringiu somente as más condições de trabalho, envolvia também a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, que degringolou na crítica situação socioeconômica que assolava o povo russo naquele período.
No entanto, mesmo com manifestações e conquistas de grandes proporções, a luta feminina demorou a ser reconhecida por órgãos internacionais, tanto prova que a ONU (Organização das Nações Unidas) só assinou um acordo de princípios de igualdade entre homens e mulheres em 1945. Vale ressaltar que esse acordo foi assinado no contexto pós-guerra, onde várias causas foram abraçadas, portanto, o reconhecimento da ONU pode ter partido de uma mera decisão política.
A década de 60 e 70, acompanhadas de ideologias libertadoras e igualitárias arraigou forças para a retomada do movimento feminista. Nesse contexto, a mulher passou a ter mais liberdade para vestir-se, estudar, englobar causas políticas, adentrar com mais veemência em ambientes ditos masculinos e dar voz a escolhas próprias. Já em 2006, as mulheres brasileiras conquistaram, por intermédio da Lei Maria da Penha (LEI Nº 11.340), medidas protetivas para prevenir a violência doméstica.
Por volta do ano de 2011 o movimento feminista tomou novos rumos no Brasil, ganhando apoio da massa estudantil, grupos LGBT e por grande parte da sociedade que com grupos feministas ativos nas redes sociais fazem voz aos clamores das mulheres por respeito, direitos e principalmente para erradicar a violência física, moral, o assédio, aborto, estupro, assassinatos e pela liberdade de escolha em relação ao seu próprio corpo.
O dia 8 de março sempre foi regado por homenagens, que, em sua maioria, são vazias e estereotipadas, associando as mulheres ao conceito de sexo frágil. A mulher lutou incessantemente por direitos e contra uma sociedade machista, preconceituosa e tradicionalista que insistia em não os respeitar e que, infelizmente, ainda hoje propagam atrocidades acerca da minimização da importância da mulher na sociedade.
Vivemos numa sociedade que prima por direitos iguais, porém, na realidade essa igualdade é inexistente. Portanto, se você é mulher e/ou dos grupos sociais favoráveis ao direito da mulher, saiba que enquanto a sociedade for tradicional, viver permeada de estereótipos, com pessoas de mentes fechadas e visões críticas reduzidas por interesses e apego a conceitos antiquados, com certeza sua luta contra a ignorância e a intransigência será eterna.
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*Cristiane Lopes é Doutora em Educação (Universidade Federal do Pará – UFPA), Mestre em Currículo e Gestão da Escola Básica (UFPA), graduada em Pedagogia (Universidade Estadual do Maranhão – UEMA). “Educadora enquanto profissão, Psicóloga de coração e Escritora por amor.”
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