Literatura Marginal e a formação do pensamento crítico – Por Welyson Lima*
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Uma nova vertente artístico-literária tem surgido e conquistado cada vez mais espaço por denunciar problemas e valorizar a solidariedade existente nas periferias. Trata-se da Literatura Marginal. Literatura Marginal é um projeto dos escritores de regiões periféricas, que denominam seu trabalho desta maneira por, segundo eles, “dar voz” aos grupos excluídos da sociedade e tendo como objetivo formar pensamento crítico. Esses autores têm importante atuação cultural nas comunidades.
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No entanto, a Literatura Marginal de agora, não foi a mesma de outrora. Principalmente em relação à que surgiu nos anos 70. Nesse período, os autores eram pessoas da classe média e alta, que falavam sobre seu cotidiano de modo irônico. Já na atualidade, o projeto dos escritores da literatura marginal se volta a valorizar e conceder oportunidades para aqueles que são destituídos da inserção social, isto é, os excluídos socialmente.
As temáticas abordadas por esses autores são inúmeras e variam muito. Por exemplo: denunciam a violência – principalmente a policial -, o alcoolismo nas famílias, a força do tráfico e a falta de perspectiva dos jovens. Por outro lado, buscam valorizar aspectos positivos da periferia, como solidariedade, o modo de falar e as gírias características, além das manifestações culturais que surgiram e constantemente surgem nesses lugares.
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É necessário esclarecer que a própria expressão ‘literatura marginal’ foi escolhida por alguns escritores de periferias das grandes cidades brasileiras, cuja produção tem crescido e começa a ter algum destaque em diferentes espaços. Três escritores da periferia de São Paulo são considerados representativos dessa nova geração de “escritores marginais”, quais sejam: Ferréz, Sérgio Vaz e Sacolinha.
QUEM SÃO?
Aos 31 anos, Ferréz conseguiu chegar ao grande circuito editorial, com cinco livros publicados. O primeiro, “Capão Pecado”, é considerado um best-seller e já foi lançado até na Europa. O autor é o único que atinge dois públicos diferentes: o de classe média e alta, que tem contato com ele em eventos como a Bienal do Livro ou a Feira Literária de Paraty, e o público dos bairros de periferia, que encontra o escritor nos Centros Educacionais Unificados (CEU em São Paulo, por exemplo.
Sérgio Vaz, com 42 anos, tem quatro livros publicados e ficou conhecido pelos Saraus que organiza na Zona Sul da cidade. Já Sacolinha, pseudônimo de Ademiro Alves, tem 23 anos e criou, em 2002, o projeto “Literatura no Brasil”, que veio a tornar-se uma Associação Cultural. Além de produzir uma revista especializada com o mesmo nome, “a Literatura no Brasil” realiza fanzines e concursos literários.
PENSAMENTO CRÍTICO
Além da denúncia, o objetivo desses escritores é formar pensamento crítico. Buscam com isso, assemelhar-se muito ao rap e ao hip hop ideológico nesse sentido. Por isso, para eles, é importante não dissociar a literatura da atuação cultural. Um fator importante a se considerar é o de que esse tipo de abordagem literária e temática já virou linha de pesquisa de muitos professores e pesquisadores da área das Letras, haja vista que a análise dessa literatura marginal exige que alguns parâmetros críticos sejam revistos, porque os textos destoam do padrão tido como culto, abusando do uso de gírias da periferia e com regras próprias de concordância, plural e ortografia, a saber.
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*Welyson Lima é graduado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).
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