História do surgimento do Hoax e as grandes mentiras da internet
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Se você está lendo esta reportagem, é porque sobreviveu às ameaças (mentirosas) divulgadas via e-mail nos últimos anos. Esses boatos virtuais são chamados hoaxes, como por exemplo, diziam que era possível ser infectado pelo vírus HIV com uma seringa na poltrona do cinema. Outra hipótese era a de ter os rins removidos e acordar em uma banheira cheia de gelo, após passar a noite com um desconhecido.
O internauta desatento também poderia empobrecer ao tentar ajudar um nigeriano dono de uma herança milionária – o estrangeiro, “coitado”, só precisava de uma conta bancária para depositar toda a fortuna. Nesse caso, não se trata apenas de boatos, mas sim de um golpe aplicado via e-mail.
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ORIGEM
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Apesar de a internet ter surgido há 40 anos, acredita-se que a prática de espalhar “hoax” – boatos virtuais – só teve início no dia 1º de abril de 1984, na Usenet, um sistema global de troca de mensagens. O hoax – considerado por muitos o primeiro do mundo – foi enviado em inglês, em nome de K. Chernenko, e levava o título USSR on Usenet (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas na Usenet) em plena Guerra Fria.
Chernenko dizia que tinha se juntado àquela rede para manter uma “discussão aberta com americanos e europeus”, além de deixar claro para eles o esforço da URSS em criar uma “coexistência pacífica entre as pessoas da União Soviética com aquelas dos Estados Unidos e Europa”. A mensagem termina com a frase “agora, vamos abrir uma vodka e beber nossa adesão à rede”.
O dia da mentira, que pode ser considerado o nascimento dos hoaxes, ganhou tradição na web e já virou um marco inclusive para grandes empresas. Todos os anos, por exemplo, os internautas aguardam qual será a “pegadinha” criada pelo Google – empresa 14 anos mais nova que os boatos virtuais. A companhia já anunciou a criação de uma filial em Marte, na Lua, trocou o nome do Orkut para Yogurt, divulgou uma ferramenta para prever o futuro e lançou a bebida Google Gulp, que deixava os consumidores inteligentes. Tudo no 1º de abril, é claro.
Os “fakes”, perfis falsos criados nas redes sociais, não deixam de ser uma variação dessas brincadeiras iniciadas há décadas no ambiente virtual. Na evolução da internet, saiu o russo K. Chernenko, de 1984, e entraram os internautas que lotam o Orkut e o Twitter tentando reproduzir fotos e também a personalidade de celebridades que atraem a atenção de outros usuários.
ESTRATÉGIAS
Nem sempre essas brincadeiras são inofensivas. Como mostram os exemplos do começo da reportagem, em muitos casos o objetivo dos hoaxes é inventar histórias inexistentes para aterrorizar os internautas e até mesmo ganhar dinheiro.
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Um dos golpes mais conhecidos a adotar a “lábia virtual” é o da herança nigeriana, também chamado de 419 (419 scam). Com essa estratégia, o golpista envia mensagens dizendo ser de uma instituição governamental ou herdeiro de uma grande fortuna – pode citar a Nigéria ou outro país. Ele pede ajuda para uma transferência internacional de fundos e, como recompensa, o usuário terá direito a ficar com uma porcentagem do valor milionário (que nunca será depositada, é claro).
“O crescimento da internet tornou mais fácil criar e espalhar boatos. Os responsáveis por essa ação podem, por exemplo, desenvolver sites falsos de notícias ou empresas. Uma vez que essa história falsa aparece em um site ou em um e-mail, pode ‘sobreviver’ por semanas, meses ou até anos”, afirma o site The Hoax Project, criado por professores da Universidade de Maryland (EUA), com o objetivo de combater a propagação de notícias falsas.
GOLPES NOS GOLPISTAS
O jornalista escocês Neil Forsyth decidiu desafiar os golpistas da internet e responder às mensagens com ofertas mirabolantes: o resultado da experiência ele contou no livro “Delete this at your peril” (“Delete por sua conta e risco”, em tradução livre). A publicação, ostra uma comunicação “anárquica” que, em alguns casos, chegou a durar quatro meses.
No diálogo favorito de Forsyth, um homem tenta aplicar o golpe da herança nigeriana. Seu rico pai, líder de uma tribo, morreu e o filho precisa de uma conta bancária para depositar toda a fortuna — por acaso, ele pede ajuda para o “sortudo” Bob. Em troca do favor, o novo sócio fica com 20% do valor total se contribuir antecipadamente com 5% para despesas em geral. A fraude de antecipação de pagamento se concentra justamente na obtenção dessa porcentagem menor.
Em resposta um personagem fictício criado pelo jornalista diz aceitar o acordo desde que fique com 30% da fortuna, “nem um centavo a menos”. E dá-se então a largada para a insólita relação. Enquanto o spammer tenta insistentemente obter dados pessoais e financeiros da vítima, o jornalista faz todo tipo de exigência: passa a demandar 40% da fortuna e ainda solicita que o pagamento seja feito em animais vivos, para fugir das taxas. Ele pede, por exemplo, quatro leões, dois leopardos e um jacaré.
Solícito, o spammer concorda com tudo e se mostra empenhado para atender às demandas. Ele jura, inclusive, ter encontrado o leão falante mencionado durante as negociações. “O pobre coitado deve ter até hoje em seu jardim uma coleção de leões que falam inglês”, satirizou Forsyth, que classifica sua obra como “a reunião de diversos diálogos absurdos”.
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